EM HOMENAGEM ÀS OPERÁRIAS QUE MORRERAM NUMA FÁBRICA DA COTTON, INCENDIADA EM 8 DE MARÇO DE 1857, EM NOVA YORK, A DATA FICOU MARCADA COMO O DIA INTERNACIONAL DA MULHER.
Por meio de uma greve geral, elas reivindicavam melhores condições de trabalho, como a redução da jornadade trabalho de 16 para 10 horas, e salários mais justos. As operárias morreram de forma bárbara, carbonizadas dentro da fábrica que fora incendiada por seus patrões e por policias.
Criada em 1910 durante conferência internacional realizada na Dinamarca, a data comemorativa foi oficializada pela ONU por meio de decreto somente em 1975.
O cinema já retratou a luta de mulheres por igualdade de direitos em filmes que vão desde clássicos estrelados por Bette Davis e Katharine Hepburn nos anos 1940 e 1950, passando por produções politizadas como “Norma Rae” (1979) e “Silkwood – O Retrato de uma Coragem” (1983), até “Terra Fria” (2005), “Revolução em Dagenham” (2010), “Potiche – Esposa Troféu” (2011) e “As Sufragistas” (2015).

Sally Field ganhou o Oscar de melhor atriz por seu papel de uma operária lutando por melhores condições de trabalho em “Norma Rae” (1979)
Na história do cinema, dá para contar nos dedos as mulheres que conseguiram projeção na direção. Contudo, nos anos 2000 a cadeira de diretor tem sido ocupada com mais frequência pelo olhar feminino, embora o predomínio dos homens na função continue. Em 2015, por exemplo, Ava DuVernay foi indicada ao Globo de Ouro de melhor direção pelo aclamado drama histórico “Selma – Uma Luta pela Igualdade”, mas acabou preterida na mesma categoria pelo Sindicato dos Diretores (DGA) e pelos eleitores do Oscar.
Neste ano, pelo menos, um aceno a mudanças: Greta Gerwig foi indicada ao Oscar de melhor direção e também a melhor roteiro original. Ela se tornou a quinta cineasta na história a disputar a categoria. E, na última edição do Festival de Cannes, Sofia Coppola (“O Estranho que Nós Amamos“) foi contemplada com o prêmio de melhor direção, honraria conquistada por uma mulher apenas uma vez antes, há mais de 50 anos.

Patty Jenkins no set de MULHER-MARAVILHA, primeiro sucesso baseado em personagem de HQ dirigido por uma mulher em Hollywood, o que pode abrir portas para outras cineastas no comando de super-produções ou filmes de apelo mais comercial.
Mas, apesar das dificuldades e predomínio masculino, nomes como Jane Campion, Claire Denis, Coppola, Julie Taymor, Kathryn Bigelow (vencedora do Oscar por “Guerra ao Terror”) e muitas outras têm conseguido se estabelecer bravamente, com trabalhos fortes e autorais. No ano passado, Patty Jenkins entrou para a história com “Mulher-Maravilha“, um incrível sucesso que se tornou a maior bilheteria de um filme de live-action dirigido por uma mulher em todos os tempos.
No Brasil, Suzana Amaral e Tizuka Yamasaki abriram caminho para novas gerações de diretoras, com nomes como Tata Amaral, Eliane Caffé, Lina Chamie, Laís Bodanzky, Anna Muylaert, Sandra Kogut, Carolina Jabor, entre outras. Mais recentemente, Bodanzky escreveu (ao lado de Luiz Bolognesi) e dirigiu “Como Nossos Pais“, um dos melhores retratos dos anseios e desafios da mulher moderna já mostrados no cinema brasileiro. Um filme cada vez mais atual – e obrigatório para se refletir sobre o empoderamento feminino e a construção de uma sociedade melhor.

Maria Riberiro no aclamado COMO NOSSOS PAIS, grande vencedor do Festival de Gramado do ano passado
Em homenagem ao Dia da Mulher, destacamos o trabalho de algumas cineastas que, com sua sensibilidade, deixaram sua marca como artistas e, sobretudo, mulheres.
A luta continua… Viva as mulheres!
MULHERES POR TRÁS DAS CÂMERAS
(Uma pequena seleção com títulos disponíveis no acervo da 2001)
IDA LUPINO (1918–1995)
Cinzas que Queimam (1952)
La Pointe-Courte (1955)
Cléo das 5 às 7 (1962)
Os Renegados (Sem Teto, Nem Lei) (1985)
O Mundo de Jacques Demy (1995)
Amor e Anarquia (1973) Por um Destino Insólito (1974)
Pasqualino Sete Belezas (1975)
Primeira indicação de uma mulher ao Oscar de melhor direção
O Porteiro da Noite (1974)
O Retorno do Talentoso Ripley (2002)
AGNIESZKA HOLLAND
Filhos da Guerra (1991)
O Terceiro Milagre (1999)
Salaam Bombay! (1988)
Nova York, Eu Te Amo (2009)
O Relutante Fundamentalista (2012)
Eu Atirei em Andy Warhol (1996)
NORA EPHRON (1941–2012)
Mensagem para Você (1998)
Julie & Julia (2009)
CATHERINE HARDWICKE
Crepúsculo (2008)
KATHRYN BIGELOW
O Peso da Água (2000)
Detroit em Rebelião (2017)
O Estranho Que Nós Amamos (2017)
Mulher-Maravilha (2017)
Serena (2014)
Miss Julie (2014)
JULIE TAYMOR
Across the Universe (2007)
REBECCA MILLER
O Tempo de cada um (2002)
Sentimento de Culpa (2010)
Place Vendôme (1998)
Um Instante de Amor (2016)
Enfim Viúva (2007)
Algo Que Você Precisa Saber (2009)
Diário Perdido (2009)
A Guerra Está Declarada (2011)
Garotas (2014)
RONIT ELKABETZ (1964–2016)
O Julgamento de Viviane Amsalem (2014)
Incompreendida (2014)
Na Cama Com Victória (2016)
Histórias de Amor Que Não Pertencem a Este Mundo (2017)
De Volta para Casa (2017)
Juízo (2008)
A Falta Que Me Faz (2009)
LÚCIA MURAT
Em Três Atos (2011)
A Memória que me Contam (2012)
TATA AMARAL
Antonia – O Filme (2006)
Campo Grande (2015)
De Gravata e Unha Vermelha (2015)
UMA PROVA DA BAIXA REPRESENTATIVIDADE NUMÉRICA E RECONHECIMENTO DAS CINEASTAS É QUE APENAS CINCO MULHERES CONCORRERAM AO OSCAR DE MELHOR DIREÇÃO EM 90 ANOS DO PRÊMIO:
* Lina Wertmüller, por “Pasqualino Sete Belezas” em 1977
* Jane Campion, por “O Piano“ em 1994
* Sofia Coppola, por “Encontros e Desencontros” em 2004
* Kathryn Bigelow, que conquistou o prêmio por “Guerra ao Terror” em 2009, sagrando-se a primeira (e até agora única) mulher a vencer o Oscar de melhor direção.
* E Greta Gerwig, por “”Lady Bird – A Hora de Voar” neste ano, tornando-se a quinta mulher a concorrer na categoria.